Após dois dias de trânsito carregado na avenida 23 de Maio, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) já admite desistir do corredor exclusivo para motos, em teste desde segunda (21).
Kassab disse ontem que os dados parciais sobre o teste "não são favoráveis" e que a experiência "muito possivelmente não terá seqüência". "As simulações e os dados analisados pela CET não favorecem a manutenção dessa exclusividade para as motos na 23 de maio."
A média de congestionamento na avenida, que durante todo o ano de 2006 ficou entre 2,5 e 3 km, foi mais que o dobro do normal nos dois dias em que uma das cinco pistas ficou reservada às motos: 5,1 km na segunda-feira e 7 km ontem. Isso em plenas férias.
O secretário municipal dos Transportes, Alexandre de Moraes, esteve ontem à tarde com Kassab. Em nota, Moraes reconheceu o "desconforto" causado aos motoristas. Ele disse que a experiência deve continuar por mais dois dias --anteriormente previsto até o dia 25, o teste acabará amanhã, em razão do feriado na sexta.
"Queremos terminar os dias de experiência para verificar se há essa compensação da piora da fluidez com a melhora da segurança dos motoqueiros", disse Moraes ontem. Segundo ele, no trecho de 2,9 km onde funciona o teste, não há registro de acidentes desde segunda-feira.
Ontem, dois acidentes sem gravidade envolvendo motos ocorreram fora do trecho.
Embora a prefeitura justifique a faixa exclusiva como uma medida de segurança, a 23 de Maio não está entre as vias mais perigosas para os motoqueiros. Em todo o ano de 2006, segundo a prefeitura, um motoqueiro morreu ali. Na avenida Aricanduva, na zona leste, houve 11 mortes. A prefeitura diz não ter dados sobre 2007.
"Larga demais"
Após a reunião com Kassab, o secretário recebeu entidades de motoboys e motociclistas para discutir a faixa na 23 de Maio, a proibição da circulação de motos nas vias expressas das marginais a partir do dia 11 e a regulamentação da lei do motofrete (que prevê novas taxas).
O Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, que anteontem elogiara a faixa exclusiva, ontem a criticou. "Ficou muito larga e deixou os motoristas chateados com os motoboys. Deveria ser mais estreita, como na Sumaré", disse Gilberto dos Santos, presidente da entidade.
Mesma opinião tinham motoristas e usuários de ônibus. "Não tem espaço para criar um corredor para ônibus, imagina para motos", disse a agente de companhia aérea Estela de Lima, 25, que levou cerca de 50 minutos -30 a mais que o normal- de Congonhas (zona sul) para a Mooca (zona leste).
"Gosto da idéia, mas tem de ser mais estreita", diz o empresário Antonio Espínola, 53.
Segundo a gestora de segurança da CET Heloísa Martins, não é possível criar um corredor mais estreito, pois as faixas da 23 de Maio já sofreram redução em 2006, quando a via ganhou uma faixa (são cinco).
Ontem a CET registrou o maior percentual de congestionamento de janeiro --95 km em toda a cidade, às 11h30. Nesse horário, a Folha mediu o tempo de viagem no corredor norte-sul. O congestionamento estava pior no sentido centro.
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